Cadeira nº 43
DR. ADOLPHO DINIZ GONÇALVES (1896 –
Farmacêutico e naturalista. Diplomou-se em Farmácia, no ano de 1915, aos dezenove anos de idade, pela Faculdade de Medicina da Bahia, no Terreiro de Jesus; graduou-se em Medicina pela mesma Faculdade, em 1923, sustentando a tese inaugural “Reações gerais das proteínas”, tendo como examinadores os lentes Amaral Muniz, Bezerra Lopes e Josino Cotias; em 1926, é aprovado em concurso para a cadeira de Química Analítica, defendendo tese versando sobre “Teoria da Dissociação Eletrolítica”, e ao depois, foi diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade da Bahia. Inaugurou, em 1919, o primeiro laboratório particular, o “Curso do Dr Diniz”, onde estudaram várias gerações de moços para o vestibular à Faculdade de Medicina da Bahia, o qual funcionou na Rua do Gravatá, n.º 7; Rua Alfredo Barros , n.º 1 e Rua Gabriel Soares, n.º 2.
” A Interventoria dominava o país, o que nunca foi aceito pelo Dr. Adolpho Diniz, Democrata a toda prova, torna-se um “leader” a favor da Campanha Constitucionalista de São Paulo. Passados dois anos, em 1932, ainda não tinha sido convocada a Assembléia Constituinte. Em sua agenda desse mesmo ano pode-se ler : 9/6/1932 – “rebenta em São Paulo um movimento armado em prol da Constituinte”. A Bahia manifesta-se a favor de São Paulo num movimento idealista de democracia e liberdade. Nesta mesma agenda anota, com data de 22/8/ 1932 – “os estudantes na Faculdade de Medicina da Bahia em um gesto digno, levantam-se com armas na mão contra a ditadura nefasta, em prol da Constituinte”. Ainda continuando ele escreve. “à noite, ante a ameaça do Interventor que iria ocupar militarmente a Faculdade por não terem chegado adesões, tanto professores como alunos rendem-se considerando-se presos; às 11:00 h da noite os alunos são transferidos em “marinetes” para a Penitenciária do Estado e os professores com a liberdade de irem para casa e daí alguns serem presos”. Foi preso. Se comentava que talvez o motivo da detenção tenha sido porque numa sessão na Faculdade de Medicina, sendo ele o Presidente e também orador, assim como vários estudantes que se pronunciaram, finalizando a Assembléia, pede aos presentes, com entusiasmo, que façam uma visita ao Senhor do Bonfim, que estava na Catedral Basílica, pela vitória de São Paulo, culminando com a vitória das forças federais. A parte absurda e cômica é que diziam que Adolpho, como químico, tinha preparado um líquido que bastava uma gota para liquidar um batalhão! Todo o dia 22 de agosto ele suspendia a aula, fazendo uma pequena preleção cívica em defesa da Faculdade de Medicina.
Fonte: História da Medicina (artigo 63) – Dr. Antonio Carlos Nogueira Brito

