Cadeira nº 42
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DR. RODOLFO MARCOS TEÓFILO (1853 – 1932)
Farmacêutico, escritor de estética literária regional-naturalista, além de poeta, documentarista, contista e articulista.
Filho e trineto de médicos, seu pai era Dr. Marcos José Teóphilo e seu trisavô Dr. Manoel Gaspar de Oliveira. Era para ter uma vida de bonança, porém as tragédias que cercaram sua vida impediram que isso acontecesse. Apesar de ter nascido na Bahia, com um mês e meio de vida seus pais mudam-se para Fortaleza. Cedo ficou órfão, sua mãe falece quando ele tinha apenas quatro anos. Seu pai então casa-se com a cunhada e teve mais três filhos. Quando tinha apenas nove anos, a epidemia de “Cólera Morbus” propaga-se pela capital cearense, ficando todos enfermos em sua casa, exceto Rodolfo Teófilo. Por ser o único que se manteve saudável, tornou-se responsável em manter a casa. Com onze anos, perdeu seu pai, que não deixou recursos financeiros e teve de trabalhar como caixeiro para o próprio sustento e de sua madrasta e irmãos. Com suas economias e esforço árduo, trabalhando de dia e estudando à noite, foi aprovado nos Exames Preparatórios para ingressar no curso superior. Voltou à Bahia e Formou-se em Farmácia em 1875, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Diplomado, dirigiu uma farmácia em Pacatuba / CE , depois na capital. Foi mais tarde professor de ciências naturais na Escola Normal e membro de diversas sociedades culturais. Sua obra ficou marcada pela literatura naturalista em que é mostrada a seca no Nordeste e os flagelados. Em sua homenagem, o Centro Acadêmico de Farmácia da Universidade Federal do Ceará tem o seu nome.
A partir de 1900, até o final da vida empreendeu uma batalha pessoal contra a varíola, lutando contra o medo da vacina na população em geral, sem recursos, em tempo de seca, fome, da migração em massa e em péssimas condições de higiene. Sem apoio do poder público, enfrentou praticamente sozinho, em duas oportunidades, epidemias de varíola que vitimaram milhares de pessoas em Fortaleza e interior do Ceará, no final do século XIX e início do século XX. Depois de assistir o descaso da administração pública frente à grande epidemia de varíola (1878), decidiu iniciar uma campanha de vacinação contra a doença. Aprendeu a fabricar a vacina e passou a vacinar o povo (1901) com ajuda de sua mulher e um criado. Montado em um cavalo, cuidou sozinho da vacinação em massa pelos bairros pobres de Fortaleza durante os três primeiros anos do século XX. A única limitação à sua filantropia foi a falta de recursos e infraestrutura, problema que tentou contornar criando uma pequena indústria, cujos lucros foram utilizados para a construção de uma instituição específica. Somente mais tarde criaria a Liga Cearense Contra a Varíola, contando então com voluntários em praticamente todo o interior do estado na luta contra a doença. Vacinou próximo de duas mil pessoas (1902), não sendo registrado nenhum caso de varíola na capital cearense naquele ano. Rodolfo Teófilo descreve minuciosamente como foram os primeiros anos de sua campanha de vacinação (1901-1904) em sua obra “Varíola e vacinação no Ceará”. Nela ele também menciona como desenrolou a trajetória da varíola pelo Estado do Ceará, com várias páginas detalhando a epidemia de 1878 e o Dia dos Mil Mortos, considerado o pior dia da epidemia da varíola no Ceará.
É considerado um dos principais expoentes da literatura regional-naturalista do Brasil e um dos maiores nomes da literatura do Ceará. Obstinado, além de sua luta contra a varíola, ainda encontrou tempo para escrever 28 livros. Dedicou-se aos mais diferentes gêneros. Embora pouco se conheça publicamente do seu trabalho, como escritor foi o introdutor do Realismo/Naturalismo no Ceará com a obra A Fome (1890), seu romance de estreia e o primeiro romance cearense publicado em forma de livro, pois até então os romances eram publicados através de folhetins.
Fonte: Wikipédia